Ontem fui ao Masp, esquecendo que era feriado peguei uma fila enorme para entrar no museu, mas fiquei feliz de ter bastante gente no Masp, que bom que as pessoas estão indo ver as exposições!
Fui para ver a exposição Roma e os Imperadores. É realmente interessante estar perto desses homens romanos em tamanho natural, como se estivessem do meu lado e eu pudesse lhes perguntar qualquer coisa. É interessante perceber que muitos utensílios existem até hoje de maneira idêntica, como panelas, prendedor de cabelos, agulhas, chaves, velas, bisturi, como se 2000 anos não tivessem feito tanta diferença, isso nos aproxima dessa sociedade. Interessante também perceber como família era um conceito muito diferente, não totalmente condizente com laços sanguineos, um conceito mais econômico do que afetivo. O divórcio, algo que foi dificil de ser aceito pela nossa sociedade não faz muito tempo, era algo simples para eles, assim como a homosexualidade e o afeto entre homens que parecia ser considerado normal e frequente, enquanto hoje em dia precisamos tomar cuidado ao demosntrar qualquer nível de carinho homem-homem. Mas enfim é uma exposição que me deixou mais próximo dessa civilização pela quantidade de objetos que ainda necessitamos e me deixou pensando em como utilizamos cada vez mais materiais menos táteis, menos naturais, mais ilusórios, enfim… e também pela valorização da virilidade, muitos objetos decorativos e alguns monumentos (como o “Falo” um pinto gigante com pernas e garras) exibiam pintos duros e grandes, exaltando-os. (Preciso de um designer de objetos inspirado em Roma!)
No entanto a exposição que mais me chamou atenção foi a “De Chirico”. Um pintor que até então eu não conhecia e que tem um traço simples, objetivo, trabalha com cores fortes e com paisagens e lugares recorrentes, ou um lugar que parece um deserto ou um ateliê / apartamento, sempre uma dessas duas locações são cenário para suas pinturas. O que me chamou mais atenção foi que ele parecia sempre estar falando do nosso interior, de algum sentimento específico que estava sentindo de maneira quase lúdica, por causa das cores, de seu traço e dos elementos que usa. A figura dos arqueólogos é algo forte em sua pintura que o levou a fazer algumas esculturas também. Acredito que o trabalho dele tem a ver com isso, com escavar os nossos sentimentos e não entender exatamente o que acontece. Assim que vi os quadros percebi uma semelhança com o surrealismo, e na escultura um flerte com o futurismo, mas não entendi exatamente qual é a relação do seu trabalho com essas escolas, parece que com o surrealismo ele foi bem próximo, assim como com André Breton (teórico do surrealismo), mas houve uma sisão. Ele acreditava “no pensamento dequiriquiano” no qual “a cidade e a arquitetura exprimem a psicologia e a emotividade dos indivíduos”. (Trecho extraído de texto da exposição). Há também alguma relação desse pintor com a filosofia de Nietzsche que ainda não esclareci bem. Alguns quadros da exposição que gostei muito:
Alguns pensamentos dele que achei muito interessantes:
– “E o que devo amar senão o enigma?”
– “E o que devo amar senão a metafísica das coisas?” (pensamento que ainda não compreendi totalmente).
Há a Fondazione Giorgio e Isa de Chirico, onde é possível ver algumas obras dele, ler trechos da Revista Metafisica e consultar outros trabalhos e publicações.
Saindo das obras de de Chirico passei pelo Romantismo “atual”, alguns artistas interessantes e algumas frases também:
– “Os artistas conceituais são antes místicos do que racionalistas”. Sol Lewitt – Sentences on Conceptual Art – 1969
– “A missão do pintor de paisagens não é a fiel representação do ar, da água, das pedras,e árvores; o que deve refletir-se na pintura são sua alma e seu sentimento”. – Caspar David Friedrich
Assim começo a me despreocupar de tentar entender as pinturas de Leon Ferrari, Andrée Simon, Amélia Toledo, Wega Nery (que pelo uso das cores me lembrou o pintor argentino Benito Quinquela em alguns quadros). Além disso, vi um quadro do Dalí nessa sala de “novos” romantismos, o quadro Cavaleiro – 1960, mas discordo plenamente de que os novos romantismos tem a ver com as premissas do surrealismo, enfim preciso estudar esse tema….
Além dessas três exposições fui dar uma olhada na Coleção Pirelli de Fotografia e dois nomes se sobressairam para mim:
Acima uma das fotos que me chamou atenção de Miguel Rio Branco.
A exposição é interessante, mas fiquei com vontade de ver mais coisas sobre as fotos, textos, algo para se compreender mais os artistas, enfim… Mas recomendo também. Os livros da coleção estão à venda na loja do Masp em promoção.